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Arquitetos: Taller Capital
- Área: 22000 m²
- Ano: 2021
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Fotografias :Rafael Gamo, Gabriel Félix
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Fabricantes: Cemex, Construlita
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Parque Xicoténcatl foi construído no leito de um córrego, na periferia sul de Tijuana, México. Este local foi sendo gradualmente preenchido com entulho pelos próprios vizinhos a fim de criar um espaço para recreação. As construções do entorno, feitas de papelão e bloco de concreto, geralmente cobertas com chapas de metal corrugado, estão localizadas em encostas íngremes. O projeto pretendia construir calçadas e limpar o leito do riacho para orientar o escoamento da água.
Depois que a equipe de projeto visitou e entendeu a necessidade premente da comunidade por espaços públicos e recreativos, bem como vislumbrou a enorme quantidade de detritos que enchiam o canal, uma mudança drástica no programa foi proposta: colocar os detritos em plataformas para criar espaços de esportes e recreação que ligassem os dois lados do córrego, como consequência de ações já iniciadas pela comunidade, onde esse material foi utilizado para fazer um campo de futebol simples.
O briefing da SEDATU foi elaborado para uma comunidade carente, composta principalmente por migrantes que, incapazes de atravessar a fronteira para os Estados Unidos, optaram por morar no México. As condições em que foram instalados são degradantes, por isso, o projeto cumpre o duplo propósito de redução da vulnerabilidade climática e integração social, numa área completamente desprovida destes serviços, melhorando radicalmente a qualidade de vida.
O projeto, portanto, molda um território degradado, articulando paisagem, contexto urbano e habitantes por meio de plataformas programáticas interligadas por rampas acessíveis capazes de conectar as ruas paralelas ao córrego. Dessa forma, os espaços públicos são criados e as águas pluviais são coletadas para direcioná-las ao mar por meio de canais. Com o llantimuro, um sistema construtivo local e vernacular que recicla pneus, foram construídos retentores que estruturaram a intervenção através de uma geometria clara, focada na minimização de declives e na criação de acessibilidade universal. As mais de 3.000 espécies plantadas nos muros de contenção e as 30 árvores nas plataformas trazem o verde para a área.
A intervenção conecta os 5.000 vizinhos que vivem nos dois lados da encosta, abordando diretamente os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável):
- ODS 3, com espaços públicos vegetados e abertos que facilitam a interação social e a prática de esportes, reduzindo infecções e protegendo a saúde.
- ODS 5, proporcionando iluminação noturna e acessibilidade, melhorando a visibilidade e criando espaços seguros para as mulheres.
- ODS 6, dando espaço à água de escoamento, levando-a para o mar, minimizando a erosão e a poluição.
- ODS 11, criando lugares de encontro e ligando o tecido urbano desconexo através do espaço público e áreas vegetadas.
- ODS 12, reutilizando materiais como pneus (2 milhões são importados anualmente dos EUA) e entulhos.